Antes que se deixe dominar pela raiva incapacitante, é benéfico que o homem procure a racionalidade da ação, interrompendo assim o ciclo das múltiplas alterações límbicas que aquecem a fogueira da cólera. O sentir é inegociável, mas o tempo de sentir é perfeitamente controlável. Buscando estímulos positivos como a distração, a compaixão e o esfriamento emocional o indivíduo controla a sensação progressiva da raiva. Fora de alcance e controle, semelhante sentimento prejudica a capacidade cognitiva, provocando em seu ápice o sequestro emocional. Daí é necessário que se evite a catarse e a ação desprovida de racionalidade, pois tais atitudes incorrerão em arrependimento e, muitas vezes, provocarão danos irreparáveis ao relacionamento entre os interlocutores.
A emoção negativa desencadeia uma sequencia cumulativa de novos sentimentos iracundos, até que, ao não mais suportar a opressão, o sujeito reage de forma agressiva ao menor desagrado. É como quando se diz: “foi a gota d’água”. Se o copo está quase cheio de uma raiva líquida e descomunal, à menor contrariedade a gotinha que faltava faz com que o copo transborde, ou seja, ocorre o sequestro emocional tão incapacitante, revelador e, muitas vezes, desproporcional à ofensa.
A inteligência emocional nos ensina que a raiva pode e deve ser sentida, mas também diz que nós podemos ter controle sobre ela, desde que sejamos capazes de identificá-la ainda no início. Pormenorizando o efeito da raiva e buscando equilibrá-la desde a sua constatação evitaremos que pequenos acúmulos de sentimentos negativos nos imantem o espírito e nos desequilibrem a emoção. Permitindo que a raiva nos domine abriremos as portas para que pequenas contrariedades se somem a ela e, depois de acumularmos uma barragem de negatividade, ao primeiro “tremor de terra” romperemos afogando a quem está por perto.