Que suas mãos sejam amparo, acolhimento e condução. E que vez ou outra possam enxugar lágrimas, afagar um rosto e acariciar o triste, devolvendo-lhe o sorriso.
Que suas mãos sejam instrumento de comunicação, que seus gestos sejam suaves, expressem doçura e afeto mas também possam mandar ir à merda ou a lugares piores a quem merecer.
Que suas mãos possam tocar instrumentos musicais, ou cirúrgicos, ou artesanais, que façam a caneta percorrer histórias no papel e imagens inéditas nas telas da vida.
Que elas possam receber o novo e se despedir de quem parte, aconchegar a quem se ama e afastar a quem não cabe em nós.
Que suas mãos conduzam pincéis ou tesouras, ostentem anéis ou vassouras e que possam resgatar quem sofre do fundo do abismo.
Que elas se ergam para louvar mas que se abaixem para semear, que façam cócegas, cavem buracos, rejam orquestras, acenem, ajeitem cabelos e espalhem bactérias.
Que as suas mãos sejam capazes, mas que tremam se assim tiver que ser. Que você compreenda todo o poder que está em suas mãos e sempre agradeça por tê-las ou por não tê-las se o destino assim traçou.
Que elas lhe proporcionem prazeres solitários ou solidários e que nunca deixem de ser as mãos de um ser que apalpa a vida e a degusta também pelos dedos.