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Cyntia Pinheiro
Uma mulher subiu na mesa do bar e fez da saia um disco voador
Textos
Minhas mãos
Minhas mãos vão esmaecendo
Minha vida vai descolorindo
Vou colorindo a minha vida.

São pontos, são pintas,
Amarelos, marrons e matizes
esbranquiçados.

Minhas mãos vão envelhecendo
São rugas, rusgas, tintas.
Respingo flautas, notas, con-fusas.
Dedos de morta, dedos-duros.

São vãs melaninas que se vão das meninas que crescem, envelhecem.
Avança o tempo, o vento,
Avança sobre mim a dívida solar.

Sigo tremelicando, esmaecendo, amarelando
as mãos virtuosas de outrora, de choros,
rondós e allegretto's.

Vou esticando meus dedos no ritmo da agonia,
Tocando os minutos eufóricos da existência
Sem nenhuma euforia.

A pausa da breve em oito intermináveis compassos, faz do silêncio a sinfonia grave, esbranquiçada e morta de meus dedos e de minha vida.
Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 13/04/2021
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