Não há nada de novo na face da terra. Nada mesmo. Vejam só vocês que recentemente uma moça foi exposta nas redes sociais e nas redes de televisão por escolher manter relações sexuais com um morador de rua. Casada com um personal trainer, mãe, mulher. Mas ela não foi julgada e exposta por ser esposa ou por ser mãe, ela foi julgada e exposta pelo simples fato de ser mulher.
Desde sempre homens tiveram atitudes iguais e nunca foram julgados ou condenados por isso. A prática sexual de homens com moradoras de rua é algo antigo, pouco comentado ou vigiado, muitas dessas ações inclusive são a revelia delas, configurando crime de estupro e na maioria das vezes fica por isso mesmo. O homem sempre sai com um troféu na mão. O homem sempre pega quem ele quer e tá tudo certo, a sociedade aceita numa boa. Mas, quando é uma mullher que faz isso, tudo desmorona sobre sua cabeça.
A moça em questão virou motivo de piada, chacota, o marido tem enfrentado memes e mais memes desrespeitosos e humilhantes, e quanto ao mendigo, pasmem (!) virou astro dessa loucura toda! E o que querem fazer dele reflete exatamente a sociedade que nos tornamos, afinal querem transformá-lo em deputado.
Eu não tenho nada contra um morador de rua se tornar um deputado, nada mesmo! Acho inclusive interessantíssimo que pessoas assim ascendam, desde que tenham pautas sociais relevantes e propostas necessárias aos seus pares, mas não diante de uma circustância esdrúxula como essa.
Seguimos reproduzindo julgamentos e condenações no tribunal da inquisição da internet, seguimos reproduzindo o machismo e a tirania contra mulheres, seguimos passando vergonha na rede e mais, seguimos prestigiando o errado, o descabido, o negativo. Ninguém liga se uma família está sendo despedaçada nesse momento, o que vale mesmo é não perder a piada. Mas esse tipo de graça acabou faz tempo!