Falar de amor
Não sei falar de amor sem fazer silêncio,
Silêncio a calar suspiros, remexer entulhos,
Iluminar terrenos, vasculhar funduras...
O amor vai sendo achado em mim
Nas calhas entupidas, nos assoalhos ríspidos,
E nos cantinhos cheios de farelo.
Vai alimentando formigas e vespas,
Escoando nos buracos e desarmando armadilhas,
Subalterno, manso, quieto.
O amor vai sumindo enquanto pode,
Fugindo da luz do dia, entre as rachaduras,
Escondido, pois se descoberto, morre.
Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 21/07/2023
Alterado em 23/07/2023