Território inóspito
Meu desassossego encontrou a cadeira vazia,
Os vinis sem as capas, a garrafa seca.
Pois que nas horas insones desta madrugada
Uma saudade deu-me palavras mudas,
Melodias silentes, uma paz incômoda.
Um desamparo morno, um ruído quente,
E a frieza de uma distância rude.
A solidão penetrou-me sem dedos
Encontrou-me em prantos, morou em mim
Numa tristeza tarde.
Meu desassossego é passo de dança
Que vai e que vem, sem ir e sem vir.
É um lugar em mim onde neva e queima,
Onde sol e lua se acham e não se sabem.
Sou território inóspito.
Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 23/01/2024