× Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Cyntia Pinheiro
Uma mulher subiu na mesa do bar e fez da saia um disco voador
Textos
A palavra
A palavra não me é como um filho
Que embalo no colo
Ou aconchego em meu peito
Pois é, para mim, transgressão.

A palavra não pode ser arte
Pois que me é pedra bruta, sem lapidação.
Sou da palavra escrava
E ela é rude, franca e dura.

Não burilo a palavra
Nem a azeito com esmero
Ela é osso encalhado na garganta
Ela é um calo no pé.

A palavra que escrevo
Não tem dono, nem se submete
É senhora de si e de mim,
Faz o que entende.

E ela não é madura, não tem rugas
Nem vivências, nem sabenças,
Tampouco seja analfabeta
Mas é jovem, inconsequente.

Se antecipa a palavra
Ao capricho, ao seu tempo.
Gosta de ser vomitada
Amarga. Nojenta.

E essa palavra-orgia
Carimba, decalca.
Não é cozida, nem assada
É crua e atrai grandes moscas.
Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 26/01/2024
Comentários