Na derradeira vez em que fui a uma queda d'água
Fiquei deliciada com a quantidade de letras chovendo
No leito do tombo aquoso.
Impedi o resfolego nasal, com dois dedos,
E enselvei naquela irrigação soberba.
Me molhei numa extravagância alfabética
De tal jeito que minha cabeça ficou pesada.
Tantas palavras lavaram minha cara,
Que quase me excedi num cavo.
Meu corpo foi aparelhado com novos dizeres,
Fiquei alagada de ternuras moças
E de uma poesia infrequente.
Até hoje tenho letras escapando pelas orelhas.