Aprendi criança um idioma raro,
Essa língua estranha e pouco usual.
Aprendi criança, olhando passarinhos
No quintal, no alto da mangueira,
Um quase murmúrio, uivo de ventania.
Soube tecer vento nas agulhas de varetas,
E aprendi a tocar o cabelo das sombras.
Entendi o escapulimento das vespas
Do choro dos troncos,
E decorei paisagens
Com mel e agrião.
Fiz algodões de lantejoulas
E desenhei de língua na parede
Um mar de ideias naturais.
Sou fiandeira. Meu tear é o verbo.
Esse idioma raro é língua de doido,
Ou de poeta.