Vestido
Cada flor do meu vestido
É tingido, é tingido,
Flor de sangue, flor de sal.
A tinta é música derramada
Na barra do meu vestido,
Se espalhando pela cidade
Outros vestidos, mais fecundos.
E a harmonia escorre pela linha
Meu vestido, gancho e cava,
Se move musical no vento.
E a música é tinta derramada
Na gola do meu vestido,
Engolindo uma cidade
Sem vestidos, sem ventres.
E as meninas de vestido
Flor de sal, flor de sangue,
São meninas, só meninas.
Essa música bestial
Virou vestido sujo de sangue,
Gosto de sal, flores no ventre
Das cidades, gancho e cava.
Engole o mundo, meninas
Engole vestidos, flor e sal.
É tinta, é música. É chão.
Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 16/11/2024
Alterado em 16/11/2024